Escrevi o texto abaixo logo que cheguei de Manaus, em julho de 2005. O texto tem como interlocutor o Caio Fábio Filho, sendo um relato da primeira vez que estive com seu pai.
Depois dali, estive com ele outras duas vezes, uma em agosto, e a última em setembro do mesmo ano. Nesta oportunidade fui convidado a tomar um creme de cupuaçu, feito especialmente para a ocasião, preparado pela D. Lacy. Pretendo falar sobre esse momento ainda uma outra vez. Por hora, fica essa lembrança aqui.
Caro Caio Fábio, tudo em paz?
Mês passado, eu te escrevi perguntando se poderia ir visitar seu pai, e você me forneceu o telefone dele. A trabalho, precisei ir à Manaus. Liguei pra ele na segunda-feira à tarde.
Toda a vontade de conhecê-lo veio da leitura do site, logicamente, onde você faz muitas referências a ele, além de alguns livros, principalmente aquele em que você relata as cirurgias que ele fez. Sempre o identifiquei como um homem extremamente amoroso. Ao longo dos meus cinco anos de nascido, tenho tido o prazer e a graça de encontrar homens de verdade, e na Verdade. Todos eles foram referência na minha vida. E imaginava que se pudesse encontrar o Pr Caio teria mais uma vez esta oportunidade de ouvir e aprender muitas coisas conforme a Palavra e a prática dedicada e genuína da Palavra na vida.
Ele me “chocou” com amor logo quando o liguei, e contei: “Meu nome é Marcelo, sou de Fortaleza, estou aqui a trabalho. Certa vez, escrevi para seu filho perguntado se poderia visitá-lo, caso viesse a Manaus. Aqui estou, e gostaria de saber se haveria a possibilidade de visitá-lo. Será que eu poderia ir?” Ele disse: ”Meu querido, claro que sim. Minha casa nunca foi minha. Ela está aberta para você. Venha. Assim como você tem prazer em me conhecer, eu também terei muita alegria em conhecer você”. Aquilo me surpreendeu. Fui surpreendido pela alegria, como diria CS Lewis. Ele me forneceu o endereço. Ao final da tarde, peguei um motorista da empresa e fui. Era umas quatro e pouquinho da tarde.
Ao chegar e vê-lo de perfil, o achei parecido com você. Sua mãe veio me receber também. A conversa fluiu de uma maneira maravilhosa. Ele contou sobre os parentescos cearenses. Contei também os motivos que me levaram até a ele, e de como o previa como um homem do amor. Perguntou sobre meu trabalho, minha vida... Fez questão de me apresentar à ‘esposa dele’, dizendo: - Lacyzinha, venha cá minha queridinha, venha conhecer o Marcelo... Ela me suporta há 52 anos...
Achei lindo. Depois, foi engraçado foi quando sua mãe olhou pra mim e falou:
- Desculpa eu perguntar, mas quantos anos você tem?
Antes de eu responder, ele alegremente perguntou:
- Posso arriscar, posso arriscar?!
Eu ri e disse: - Certamente.
Ele: - Trinta! Balancei a cabeça que não...
Sua mãe: - Vinte e cinco!
Eu disse: - Vou ficar entre os dois. Vou fazer vinte e sete.
Todos rimos gostosamente...
Outro momento com D. Lacy foi quando ela me perguntou há quanto tempo eu era casado. Respondi: “Um ano e um mês hoje, dia 11/07/05”. Ela se preocupou se eu já tinha cumprimentado minha esposa pela data. Me recomendou que eu nunca esquecesse destas coisas, pois são importantes no casamento. Achei lindo isso nela. Daí pra frente tanto ela quanto seu pai a tratavam agora pelo nome –
No mais, Caio, tudo que seu pai disse me marcou pela profundidade do ensino e pela constatação da estrita proximidade entre o que se conhece na Palavra e a experiência de vida dele. Ambos os aspectos os encontrei em união nele, além de tudo que ele me falava sobre o crescimento até a estatura de varão perfeito. Esses ensinamentos ocuparam maior parte do nosso tempo de conversa.
Fiquei ali o olhando fixamente, absorvendo tudo o que ele dizia, observando os olhinhos dele piscarem, ele sorrir de leve, enquanto ficava em oração interior de ação de graças por aquela oportunidade primeira – e espero que não única – de poder conversar com eles.
Certo momento eu fiquei constrangido devido à demora do motorista em retornar pra me pegar, pois já sentia que ele cansava de falar, e queria descansar. Procurei então falar um pouco mais das minhas impressões do Evangelho, e sobre a minha resistência e ‘medo’ quanto ao chamado ao ministério pastoral que Deus tem feito em meu coração.
Nesta hora, ele olhou pra mim e me perguntou:
- Posso lhe chamar de filho?
Derretidamente, eu disse:
- Claro, pastor... Depois não tive mais palavras.
Então, continuaram, tanto ele quanto sua mãe, a me falar de 3 tipos de pastores: os feito-a-si-mesmos, os feito-pelos-outros, e os realmente chamados e vocacionados por Deus; disse que ele observava em mim talentos, e que se assim fosse, Jesus certamente falaria profundamente ao meu coração, de forma a não me deixar em dúvida. Dentro de mim, é justamente isso que eu oro e observo Jesus fazendo, e muito disso pelo seu site. No início da conversa, ele mencionou que, como advogado convertido, sentia uma grande inadequação, e que logo decidiu abandonar a Advocacia. Confessei a mesma inadequação como engenheiro hoje, e ele reiterou que logo Jesus completaria a convicção em mim.
D. Lacy declarou:
- Marcelo, sua visita está sendo muito agradável. Pr. Caio arrematou dizendo que achou maravilhoso como nós nunca nos vimos, mas como nos identificamos rapidamente, como se já tivéssemos nos visto antes. E na sabedoria dele, disse que isso é um sinal de Cristo na vida das pessoas, quando elas se identificam como parte de um mesmo corpo... E se sentem extremamente satisfeitas em compartilhar da vida de Cristo juntos.
No finalzinho, pedi que ele orasse. Ele mencionou que Jesus, em suas surpresas santas, nos preparou aquele momento. Ele e sua mãe oraram muito por mim e por minha esposa, para que fôssemos amigos, etc.
Já indo embora, nos levantamos e falei:
- Pr Caio, poderia dar um abraço no senhor?
Ele respondeu:
- Já estou me levantando pra isso, meu querido irmão...
O abracei. Ele me beijou no pescoço. Depois delicadamente segurou minha mão e a beijou... Logicamente eu também segurei carinhosamente a mão dele e a beijei.
Ora Caio, esse foi o desfecho que eu também não esperava nunca. Foi a parte que mais me emocionou. Eu é quem deveria beijá-lo a mão, e talvez nem o fizesse com a mesma espontaneidade que tenho com as senhoras mais carinhosas de minha igreja. Mas ele fez sem a menor cerimônia. Isso foi demais. Pensei na hora: “ - Puro amor”.
Concluindo falei:
- Pr Caio, no avião pra cá, vinha ouvindo do diretor da minha empresa grandes elogios e promessas profissionais. Mas isso não me encanta nem um pouco, e perco isso tudo por amor a Deus. O Senhor Jesus sabe que me faz verdadeiramente feliz em momentos como este. Jesus me dá amor assim!
Ele só sorriu.
Abracei e beijei também D. Lacy, tão cheirosinha. Ela se despediu dizendo que caso eu volte em Manaus, os ligasse que ela prepararia um almoço, ou coisa parecida.
De forma, Caio, tendo recebido tanto amor e carinho, mesmo num primeiro contato, só posso dizer o que disse (no linguajar cearense) pra um amigo, quando cheguei ontem:
- Pense... Pense... num cabra crente...!!!
- PURO AMOR E SABEDORIA!!!!
Ao que ele respondeu:
- eeeeeeiiiiiita...
Foi assim, irmão “Caio Filho”, minha tarde inefável em Manaus com o “Caio Pai”... O Senhor me presenteou totalmente!
Aproveito e declaro o enorme bem diário que Jesus tem feito à minha alma através de sua vida, nos últimos 18 meses. Todos ao meu redor têm visto, e tem sido também levados à mesma fonte eletrônica. Sempre, em oração, louvo a Deus pela sua vida. E agora, eu e minha esposa oraremos sempre por Pr Caio e D. Lacy.
Em Cristo,
Um comentário:
Me emocionei.
Não o conheci, mas o amei de ouvir vc falar quando chegou de Manaus, de ver os relados da vida dele no livro Confissões do Pastor, e por último, da forma que Deus usou a 'morte da sua morte' para abençoar a vida de tanta gente.
Tou gostando do Blog!
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