terça-feira, 27 de novembro de 2007

Breve volto

Amigos,

Ando distante deste espaço em novembro. Breve volto.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

UM PÃO SE PARTE

Era meio de tarde num caminhozinho entre Jerusalém e Emaús. Já havia se passado uns dias desde que as pessoas estavam tentando se habituar a viver sem Jesus. Muitas coisas havia acontecido desde a sexta-feira. A cidade ainda estava lotada de gente das mais diversas partes da palestina. O assunto dominante entre todas as conversas impressionadas era o assassinato de Jesus.

Para os seus discípulos, então, o choque do fato era muito maior. Perdeu-se o mestre. Ele fora morto.

Três anos e meio presenciando o extraordinário de modo diário. Os discípulos de Jesus já haviam se habituado a viver momentos de conturbação de multidões, aglomerado de gente o tempo inteiro desejando se aproximar de Jesus, tanto para ouví-lo como para ter dele algum tipo de benefício, algum favor, alguma “graça”, alguma intervenção. Evidentemente, os milagres também já faziam parte do dia-a-dia, além de tudo aquilo que podemos apontar como fatos fora da rotina interiorana das pequenas cidades da região de Israel.

Dessa forma, as referências mais comuns que poderiam ser feitas quando se mencionava o nome de Jesus eram: as multidões, o poder, a pregação, os milagres, as maravilhas. À reboque, ocorria aos discípulos todos os sonhos de utilização prática dessas prerrogativas em favor deles mesmos e da história política de Israel. Afinal: “Quando restaurarás o reino a Israel?”. “Quem de nós será o maior no teu reino?”.

Uma vez que Jesus fora retirado do cenário, a não única, mas principal falta sentida pelos discípulos dizia respeito à ausência de referências de poder, pois ele era “varão poderoso em obras”. Daqueles dias em diante, não haveria mais burburinhos, multidões, manifestações sobrenaturais de poder. Foi retirada deles a figura daquele que poderia ser o maior entre todos; aquele que se propunha a expor e denunciar toda a manipulação feita pelos anciãos em nome da religião local; aquele que tinha condições de enfrentar Herodes ou outra raposa qualquer com acúmulo de prerrogativas políticas.

Pensando nisso tudo, não parece absolutamente inacreditável e intrigante que após mais de 1200 dias ouvindo as revelações mais fantásticas a respeito da essência do ser humano, da vida, do reino, do Pai, da eternidade, eles sentissem falta da propaganda de Jesus? Da possível referência política de Jesus, numa perspectiva totalmente imediata? Para nós poderia parecer normal que depois do testemunho de episódios completamente esmagadores de toda lógica a mente dos discípulos estivesse fartamente eivada pelo admirável e pelo prodigioso.

Mas quando Jesus intercepta os dois discípulos no andar do Caminho, ele não faz nenhuma menção de todo o inacreditável que havia ele mesmo realizado entre o povo. Nenhum milagre. Ele não cita nenhum dos milagres, dos prodígios, dos sinais, dos confrontos, ou nem mesmo tentou tirar algum sumo de vida dos momentos em que ele esteve fazendo alguma coisa pública e admirável. Nada! Ele não falou nada a respeito disso. Jesus não caiu na tentação boba de aproveitar o momento de intensa confusão desses discípulos quanto à sua própria personalidade para supervalorizar a sua figura terrena digna de exaltação.

A grande necessidade que Jesus viu não era a de se explicar como ícone do poder. Mas a necessidade a ser saciada era a de que os discípulos tivessem para si mesmos o encontro com o Salvador. O objeto da discussão não era ele, mas os homens. A personalidade em questão naquela conversa de fim de tarde não era a do Jesus Nazareno, varão poderoso em obras e em palavras; mas a do Jesus Cristo, salvador todo aquele que se havia perdido, o manso e humilde de coração.

Para os de Emaús, assim como nós, o Nazareno deve ser mantido vivo a qualquer custo, enquanto o Cristo pode passar despercebido aos olhos desatentos e impressionados com a transitoriedade. O Nazareno é visto pelo que faz, enquanto o Cristo é visto pelo que é. O Nazareno se desdobra no tempo, enquanto o Cristo se mantém de eternidade a eternidade. O Nazareno salta aos olhos, enquanto o Cristo faz o coração arder.

Naquele final de tarde, Jesus pulverizou, de uma vez por todas, qualquer sobra de representatividade de poderes humanos que nós projetamos sobre ele. Ele não é como nós, e não autentica nenhuma de nossas produções vaidosas, por mais sinceras e bem intencionadas que sejam.

O Jesus adornado de autoridade terrena, mas não crido no coração de forma amorosa e simples é uma construção pagã tanto quanto qualquer Jesus esculpido em madeira ou gesso. É algo de mentira, construído para consumo da sede da religião humana, porque ela ama imagem e poder.

A verdadeira lembrança que fica no coração de quem olha para o Cristo se revela quando um pão se parte. Nessa hora, os olhos se abrem: É Ele. É o Senhor!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Notas da Alma



ESPERANÇA



Quando estou só e o choro parece querer chegar
E um sentimento de temor
Como será o amanhã que eu não vejo e quer me assustar
Oh, meu Deus! Ajuda-me a confiar

Quando os sonhos se frustram
Ou parecem não se realizar
Quando as forças se acabam
Tudo o que eu sei é te adorar

Quando as feridas no meu coração não querem sarar
E me atrapalham a visão
Tuas promessas são tão grandes e as lutas querem me esmagar
Oh, meu Deus! Ajuda-me a avançar

Quando os sonhos se frustram
Ou parecem não se realizar
Quando as forças se acabam
Tudo o que eu sei é te adorar

Tua presença me aquieta a alma e me faz ninar
Como um bebê que não precisa se preocupar
A minha vida escondida em tuas mãos esta
Oh, meu Deus! Em Ti eu posso descansar

A esperança renasce
E a certeza de que perto estás
Tua paz me invade
Pois tudo o que sei é te adorar

A esperança renasce
E a certeza de que perto estás
Tua paz me invade
Pois tudo o que sei é te adorar

Pois tudo o que sei é te adorar
É te adorar

SOU EU




Sou em Jesus. Ser achado fora dele seria perder a vida.

Eu sempre achei muita pretensão alguém procurar se descrever. Sempre. Todas as referências que alguém possa fazer a gostos, preferências de estilo musical, lugares, pratos, manifestação artística que mais lhe apetece... Tudo isso parece tão superficial quanto um perfil de orkut.

Então porque pretenderia eu fazer uma descrição completa de mim mesmo? Jamais alguém conseguiria isso de mim. Se pessoalmente, minha timidez jamais faria um auto-retrato sem uma espécie de incômodo, nesse local virtual também dificilmente me exibiria de forma direta. Pra quê?

Quando você lê aqui, logo na chegada, que esse mini-espaço gostaria de ser eu mesmo, é porque não há intenções de me esconder, nem construir um outro ente. Penso numa espécie de virtualidade verificável à presença.

O interessante dos encontros humanos - verdadeiramente humanos - é que o máximo que alguém se permite apresentar é pelo nome. O resto é o saborear da vida, conhecer outro ser humano em todas as percepções que a ela permite, de forma que anos de convivência ainda são insuficientes para esse exercício.

O meu nome você já sabe, tá aqui em cima. O resto então é absorver pela leitura.

Fique à vontade.